Alma

Tudo o que é vida, concreta ou abstrata, tem alma. A vida sentida é a manifestação da alma. Ela se expressa pelo corpo terreno, mas não apenas por ele. A alma é expansível. Dependendo do que ela pretende atingir, ela pode ocupar todo o espaço-tempo, ou se reduzir ao mais fino capilar.

Não há empecilhos para a vontade de conexão, que a alma tem. Ela é imaterial, mas é afeita ao orgânico. A contemplação de uma pintura do Basquiat, que faz você sentir a desobediência; a observação do céu, que faz você sentir a insignificância; o toque no pelo de um animal, que você sentir a suavidade da natureza; a luz do sol na pele, que faz você sentir vitalidade; o cheiro de café, que faz você sentir calma para começar o dia; o barulho das ondas do mar quebrando nas pedras, que faz você sentir fascínio pelo medo; a dança, que faz você escutar o corpo; a poesia, que faz você sentir a dilaceração das vísceras.

Em tudo o que existe sentimento, há alma, porque ela é o fluxo que nos conecta ao que nos toca. Ela é deusa e seu culto é a vida em todos os seus aspectos. Como divindade, sabe e está em tudo o que é essencial. Esta sabedoria e presença, fazem da alma, uma entidade de poder.

“O mundo é o vale de fazer alma... vagueamos por ele, para que a alma seja feita” (Hillman, 2010).

HILLMAN, J. Re-vendo a psicologia arquetípica. Petrópolis-RJ: Vozes, 2010.